Selo Ecetera

Letras et cetera - Revista Digital

A bruxa e a lambreta

Nada é mais gentil do que uma bruxa irada
que perdeu a vassoura num liça de magia

Sem transporte
a barregã é mais acessível

Salvo a fradesca que olha o umbigo no baú

Carreira depois
na dádiva da amabilidade

A bruxa que era feia; e de má conferência
pôs uma meia
que lhe alinda a perna fina

Calçou uma lambreta com um lenço na nuca

Nada é mais sensual
que uma bruxa caduca
que rola a mecânica na procura do efebo
um poema no bolso
para assoar um só nariz
e uma malha de meia caída
como referência

É de vê-la agora estacionada no adro da igreja
com uma perna no guiador e outra no pedal

Até um padre dele
reza o acólito
ao vê-la assim

Mostrar a magia
que pensava bruxaria

Montefrio

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